terça-feira, 12 de agosto de 2008

A CRIANÇA E O SEGREDO


Num bonde de Botafogo, Rio de Janeiro, conversam uma jovem senhora, mãe de uma menininha que a acompanha, e sua amiga.

As duas vão falando animadamente sobre assuntos diversos, e no meio delas, a criança se sente um tanto desnorteada.

Volta a cabeça de um lado para outro, ao mesmo tempo que sublinha cada frase com uma expressão de inteligência ou incompreensão.

Quando o assunto está em plena efervescência, a criança intervém com um aparte.

E daí em diante a conversa, passando de um lado para o outro, inevitavelmente pára, a uma objeção da pequena interlocutora.

A certa altura da conversa, a mamãe começa a ficar um tanto inquieta em relação às observações da menina.

Mais adiante, já aponta para a paisagem, a ver se ela se distrai. Mas a menina está muito interessada no assunto, e a amiga da mãe parece estar muito satisfeita com isso.

O bonde anda mais um pouco, enquanto a criança faz seu comentário pertinente.

Então, a mamãe sorri para a amiga, como quem diz Você sabe, é preciso calar a boca desta tagarela...; e pondo a mão em concha no ouvido da menina, diz qualquer coisa para a amiga, acompanhada de um olhar muito confidencial.

Como é? - a menina não entendeu bem.

E torna a mãe a repetir o segredinho, enquanto a mão enluvada diz que não, com o indicador autoritário e irritado.

Como conclusão do armistício, um beijinho rápido e inesperado nos caracoizinhos dourados enrolados na testa.

A amiga sorri, a mamãe sorri, e a menina olha para uma e para outra, meio desconfiada e desapontada, sem dizer mais nada.

A criança pode ter uns cinco anos.

Quando tiver mais dez a mamãe um dia lhe perguntará, entristecida: Mas, minha filha, que segredo é esse que você me esconde?

Já não se lembrará que ela mesma lhe ensinou a calar... Que dividiu a vida em duas partes: uma que se pode, outra que não se pode mostrar.

E a menina, que antigamente assistia aos exemplos de casa, está praticando, agora, aqueles exemplos...

Quem nos traz tais preocupações com a educação infantil é a ilustre poetisa brasileira, Cecília Meireles, em uma de suas muitas crônicas sobre educação.

A autora é muito feliz em apontar um costume muito comum nas famílias, e que gera conseqüências desastrosas, em muitas ocasiões.

Por vezes, sem perceber, pais e educadores ensinam os filhos a calar, a esconder sentimentos e a mentir.

Seus exemplos ensinam sempre mais do que qualquer retórica inflamada.

As crianças fitam a conduta dos pais, e se inspiram nela, já que são sempre seu primeiro e maior referencial.

Precisamos redobrar o cuidado, e manter com os filhos, desde tenra idade, uma relação franca, sem segredos e sem mistérios.

Explicar sempre a razão dos não e dos sim, que serão freqüentes e naturais, faz-se condição indispensável para construir uma boa relação de respeito e amizade.

O caminho do porque sim e pronto, ou do porque não e chega, é mais cômodo para os educadores, porém, é perda de oportunidade de educar com profundidade.

Cultivar o diálogo aberto e franco sempre, é cultivar o amor em sua expressão mais bela e luminosa.


Redação do Momento Espírita com base no cap.
A criança e o segredo, do livro Crônicas de educação,
de Cecília Meireles, ed. Nova fronteira.

Em 12.08.2008.

terça-feira, 29 de julho de 2008

O LUZ E SILÊNCIO



O Mestre que nos recomendou situar a lâmpada sobre o velador, também nos exortou, de modo incisivo:
– “Brilhe a vossa luz diante dos homens!”
Conhecimento evangélico é sol na alma.
Compreendendo a responsabilidade de que somos investidos, esposando a Boa Nova por ninho de nossos sentimentos e pensamentos, busquemos exteriorizar a flama renovadora que nos clareia por dentro, a fim de que a fé não seja uma palavra inoperante em nossas manifestações.
- Onde repontem espinheiros da incompreensão, sê a bênção do entendimento fraterno.
- Onde esbraveje a ofensa, sê o perdão que asserena e edifica.
- Onde a revolta incendeie corações, sê a humildade que restaura a serenidade e a alegria.
- Onde a discórdia ensombre o caminho, sê a paz que se revela no auxílio eficiente e oportuno.
Não olvidemos que a luz brilha dentro de nós.
Não lhe ocultemos os raios vivificantes sob o espesso velador do comodismo, nas teias do interesse pessoal.
Entretanto, não nos esqueçamos igualmente de que o sol alimenta e equilibra o mundo inteiro sem ruído, amparando o verme e a flor, o delinqüente e o santo, o idiota e o sábio em sublime silêncio.
Não suponhas que a lâmpada do Evangelho possa fulgurar através de acusações ou amarguras.
Enquanto a ventania compele o homem a ocultar-se, a claridade matinal, tépida e muda, o encoraja ao trabalho renovador.
Inflamando o coração no luzeiro do Cristo, saibamos entender e servir com Ele, sem azedume e sem crítica, sem reprovação e sem queixa, na certeza de que o amor é a garantia invulnerável da vitória imperecível.
EMMANUEL
(
Do livro “Abrigo”, Francisco Candido Xavier)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

DONATIVO DE AMOR

Filhos, o Senhor nos abençoe.

Nas reflexões a que somos induzidos pela caridade, recordemos nós mesmos na construção do Mundo Melhor,com a bênção de Jesus.

Efetivamente, o Senhor nos concede:
o ambiente de trabalho;
o veículo de manifestação;
a luz do entendimento;
o clarão da verdade;
o alimento do amor;
a chama do ideal;
a bênção da palavra;
os meios de intercâmbio;
as oportunidades de ação;
o sustento da fé;
a dádiva da esperança;
o apoio íntimo que nos assegure serenidade e paciência ante as dificuldades do caminho;
o tesouro da afinidade pelo qual nos enriquecemos com a presença

e o concurso de companheiros que se nos reúnem às tarefas;
os laços da fraternidade;
a composição dos recursos necessários à edificação do bem a que nos empenhamos;
a cooperação dos valores afetivos;
o incentivo do lar;
os benefícios do aprendizado;
as vantagens do conhecimento;
as possibilidades de serviço;
o amparo da vida institucional que nos reúne para os deveres que nos competem;
os braços dos amigos;
o aviso dos adversários;
as fontes de compreensão e de carinho em que nos dessedentamos para seguir à f rente;
o material de trabalho, de cuja colaboração ser-nos-á possível retirar as mais preciosas riquezas do espírito;
o dom da confiança;
a luz do discernimento;
as mil providências de socorro e sustentação de que nos achamos rodeados
para que venhamos a superar valorosamente todos os problemas que surjam no caminho a trilhar...

Enfim, meus filhos, o Senhor nos dá tudo em se referindo aos meios de que temos necessidade para a realização espiritual, mas só nos pede um donativo, sem o qual a obra em nossas mãos esmoreceria na base:

a caridade de cedermos dos nossos pontos de vista, aceitando-nos uns aos outros tais quais somos, nos alicerces da união fraterna em serviço, por amor à tarefa que nos foi confiada, porque essa tarefa, na essência, pertence ao Senhor na pessoa do próximo e não a nós.
Filhos queridos, vejamos um edifício comum.
Se o piso não suporta as paredes e se as paredes não toleram o teto; se os recursos de alvenaria ou as vigas de apoio não se irmanam uns aos outros, enlaçando-se entre si, sem que os fios encontrem refúgio no corpo da construção e se os agentes de comunicação não conseguem apoio nos elementos constitutivos da casa, é impossível a sustentação da obra em si como reduto de moradia e educação, amor e progresso.
Sem a caridade, diz-nos o Excelso Codificador, não há salvação e sem união, entre nós, toda realização humana, com o Senhor, conquanto o Senhor nos abençoe e nos sustente, será sempre francamente impossível.


Oremos hoje pela extensão da caridade na Terra sem nos esquecermos de orar por nós mesmos para que a caridade, de uns para com os outros nos garanta a continuidade do privilégio de exercer a caridade com Jesus, em auxílio de todos os nossos irmãos da jornada humana, hoje e sempre.


pelo Espírito Batuira - Do Livro “Seguindo Juntos” - Francisco Cândido Xavier/Espíritos Diversos

domingo, 27 de julho de 2008

EU ME IMPORTO CONTIGO

Se eu pudesse tirar esta carga de sofrimento dos seus ombros, eu faria.

Se eu pudesse, só por um minuto, tirar sua dor e fazê-la minha, eu faria.


Se eu pudesse te dizer "existe uma razão para tudo que está acontecendo contigo", eu diria.

Eu faria qualquer coisa para que você parasse de sofrer.

Mas às vezes a rua da vida faz curvas inexplicáveis e tortas, e o mundo todo nos parece frio e sem coração.

Eu quero te dizer o quanto fico triste por não poder fazer nada por ti.

Mas eu quero te deixar isto.......

Eu estou aqui...

Se você precisar conversar, se você precisar chorar, se você encontra conforto em confidenciar seu silêncio comigo.

Eu me importo contigo e estarei sempre contigo!

(Desconheço a autoria)

Segui teus passos

"Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve."
Mateus 11:25-30
Segui teus passos, mas nem sei porque,
vi ás marcas de sandálias na areia,
eram passos firmes e determinados,
mas deixavam uma marca leve,
que por incrível que pareça,
não desapareciam com as ondas e as marés.
Segui teus passos e por onde fui andando,
vi espantado notícias e rumores da Tua presença.
Ali um cego que voltou enxergar,
acolá, um paralítico que já podia andar,
mais adiante, uma multidão falava seu nome com amor,
não esqueceram seu recado,
sua mensagem ficou para sempre.
Segui teus passos, e nem sabia porque,
apenas caminhava examinando as suas impressões,
não aquelas deixadas na areia,
mas aquelas que ficaram gravadas em cada ser humano sofrido,
nas crianças que abraçou,
nos idosos que afagou,
nos miseráveis que receberam peixe e pão,
nas sementes que deixaste ao longo do caminho,
e nas flores de todas as cores e perfumes,
que brotavam pelo jardim que criaste.
Segui teus passos e nem sabia quem eras,
até que me deparei com um madeiro,
uma cruz envergonhada, apodrecida,
onde felizmente Tu já não estavas,
ajoelhei-me e chorei, tomado por forte emoção,
chorando vi a tua Luz,
e na Tua Luz a paz,
e na paz, o amor,
e tomado pelo amor, relembrei todos os rostos que vi pelo caminho,
e em cada rosto vi a Tua face estampada,
porque és majestoso na simplicidade,
Divino no falar,
Eterno no tocar,
porque és a própria Vida,
eterno em glória e Luz
para sempre habite em mim,
Senhor Jesus.
Paulo Roberto Gaefke

terça-feira, 15 de julho de 2008

CARROÇAS QUE ENCONTRAMOS NO CAMINHO!


Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no
bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de
um pequeno silêncio me perguntou:

"- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa??"

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

"- Estou ouvindo o barulho de uma carroça".

"- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia!"

Perguntei a meu pai:

"- Como pode saber se é uma carroça vazia, se ainda não a vimos??"

E ele respondeu:

"- Ora, é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do
barulho. Quanto mais vazia, mais barulho ela faz."

Tornei-me adulto e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais,
gritando para intimidar, tratando o próximo com grossura de forma
inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e
querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta,
tenho a impressão de ouvir a voz de meu pai dizendo:

"- Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...."

Anjos Guardiões e Espíritos Protetores

Aos Anjos Guardiões E Espíritos Protetores


Bezerra de Menezes

Espíritos esclarecidos e benevolentes, mensageiros de Deus,

que tendes por missão assistir os homens e conduzi-los pelo bom caminho,

sustentai-me nas provas desta vida; dai-me a força de suportá-la sem queixumes;

livrai-me dos maus pensamentos e fazei que eu não dê entrada a nenhum mau Espírito

que queira induzir-me ao mal.

Esclarecei a minha consciência com relação aos meus defeitos

e tirai-me de sobre os olhos o véu do orgulho, capaz de impedir

que eu os perceba e os confesse a mim mesmo.

A ti sobretudo, N..., meu anjo guardião,

que mais particularmente velas por mim, e a todos vós, Espíritos protetores,

que por mim vos interessais, peço fazerdes que me torne digno da vossa proteção.

Conheceis as minhas necessidades;

sejam elas atendidas, segundo a vontade de Deus.

Meu Deus, permite que os bons Espíritos que me cercam

venham em meu auxílio, quando me achar em sofrimento, e que me sustentem se desfalecer.

Faze, Senhor, que eles me incutam fé, esperança e caridade;

que sejam para mim um amparo, uma inspiração e um testemunho da tua misericórdia.

Faze, enfim, que neles encontre eu a força que me falta nas provas da vida

e, para resistir às inspirações do mal,

a fé que salva e o amor que consola.

Espíritos bem-amados, anjos guardiões que,

com a permissão de Deus, pela sua infinita misericórdia,

velais sobre os homens,

sede nossos protetores nas provas da vida terrena.

Dai-nos força, coragem e resignação;

inspirai-nos tudo o que é bom,

detende-nos no declive do mal;

que a vossa bondosa influência nos penetre a alma;

fazei sintamos que um amigo devotado está ao nosso lado,

que vê os nossos sofrimentos e partilha das nossas alegrias.

E tu, meu bom anjo, não me abandones.

Necessito de toda a tua proteção,

para suportar com fé e amor

as provas que praza a Deus enviar-me.

Fonte: Evangelho Segundo O Espiritismo.


segunda-feira, 14 de julho de 2008

Desquite e Divórcio

Desquite e Divórcio

Na sua generalidade o matrimônio é laboratório de reajustamentos emocionais e oficina de reparação moral, através dos quais Espíritos comprometidos se unem para elevados cometimentos no ministério familial.

Sem dúvida, reencontros de Espíritos afins produzem vida conjugal equilibrada, em clima de contínua ventura, através da qual missionários do saber e da bondade estabelecem a união, objetivando nobres desideratos, em que empenham todas as forças.

Outras vezes, programando a elaboração de uma tarefa relevante para o futuro deles mesmos, se penhoram numa união conjugal que lhes enseje reparação junto aos desafetos e às vítimas indefesas do passado, para cuja necessidade de socorrer e elevar compreendem ser inadiável.

Fundamental, entretanto, em tais conjunturas, a vitória dos cônjuges sobre o egoísmo, granjeando recursos que os credenciem a passos mais largos, na esfera das experiências em comum.

Normalmente, porém, através do consórcio matrimonial, exercitam-se melhor as virtudes morais, que devem ser trabalhadas a benefício do lar e da compreensão de ambos os comprometidos na empresa redentora. Nessas circunstâncias a prole, quase sempre vinculada por desajustes pretéritos, é igualmente convocada ao buril da lapidação, na oficina doméstica, de cujos resultados surgem compromissos vários em relação ao futuro individual de cada membro do clã, como do grupo em si mesmo.

Atraídos por necessidades redentoras, mas despreparados para elas, os membros do programa afetivo, não poucas vezes, descobrem, de imediato a impossibilidade de continuarem juntos.

De certo modo, a precipitação resultante do imediatismo materialista que turba o discernimento, quase sempre pelo desequilíbrio no comportamento sexual, é responsável pelas alianças de sofrimento, cuja harmonia difícil, quase sempre, culmina em ódios ominosos ou tragédias lamentáveis.

Indispensável, no matrimônio, não se confundir paixão com amor, interesse sexual com afeição legítima.

Causa preponderante nos desajustes conjugais o egoísmo, que se concede valores e méritos superlativos em detrimento do parceiro a quem se está vinculado.

Mais fascinados pelas sensações brutalizantes do que pelas emoções enobrecidas, fogem os nubentes desavisados um do outro a princípio pela imaginação e depois pela atitude, abandonando a tolerância e a compreensão, de pronto iniciando o comércio da animosidade ou dando corpo às frustrações, que degeneram em atritos graves e enfermidades perturbadoras.

Comprometerem-se, realmente, a ajudar-se com lealdade, estruturassem-se nos elementos das lições evangélicas, compreendessem e aceitassem como legítimas a transitoriedade do corpo e o valor da experiência provacional, e se evitariam incontáveis dramas, inumeráveis desastres do lar, que ora desarticulam as famílias e infelicitam a sociedade.

O casamento é contrato de deveres recíprocos, em que se devem empenhar os contratantes a fim de lograrem o êxito do cometimento.

A sociedade materialista, embora disfarçada de religiosa, facilita o rompimento dos liames que legalizam o desposório por questões de somenos importância, facultando à grande maioria dos comprometidos perseguirem sensações novas, com que desbordam pela via de alucinações decorrentes de Sutis como vigorosas obsessões resultantes do comportamento passado e do desassisamento do presente

O divórcio como o desquite são, em conseqüência soluções legais para o que moralmente já se encontra separado.

Evidente, que, tal solução é sempre meritória, por evitar atitudes mais infelizes que culminam em agravamento de conduta para os implicados na trama dos reajustamentos de que não se evadirão.

Volverão a encontrar-se, sem dúvida, quiçá em posição menos afortunada, oportunamente.

Imprescindível que, antes da atitude definitiva para o desquite ou o divórcio, tudo se envide em prol da reconciliação, inda mais considerando quanto os filhos merecem que os pais se imponham uma União respeitável, de cujo esforço muito dependerá a felicidade deles.

Períodos difíceis ocorrem em todo e qualquer empreendimento humano.

Na dissolução dos vínculos matrimoniais, o que padeça a prole, será considerado como responsabilidade dos genitores, que se somassem esforços poderiam ter contribuído com proficiência, através da renúncia pessoal, para a dita dos filhos.

Se te encontras na difícil conjuntura de uma decisão que implique em problema para os teus filhos, pára e medita. Necessitam de tu, mas, também do outro membro-base da família.

Não te precipites, através de soluções que às vezes complicam as situações.

Dá tempo a que a outra parte desperte, concedendo-lhe ensancha para o reajustamento.

De tua parte permanece no posto.

Não sejas tu quem tome a decisão.

A humildade e a perseverança no dever conseguem modificar comportamentos, reacendendo a chama do entendimento e do amor, momentaneamente apagada.

Não te apegues ao outro, porém, até a consumação da desgraça.

Se alguém não mais deseja, espontaneamente, seguir contigo, não te transformes em algema ou prisão.

Cada ser ruma pela rota que melhor lhe apraz e vive conforme lhe convém. Estará, porém, onde quer que vá, sob o clima que merece.

Tem paciência e confia em Deus.

Quando se modifica uma circunstância ou muda uma situação, não infiras disso que a vida, a felicidade, se acabaram.

Prossegue animado de que aquilo que hoje não tens será fortuna amanhã em tua vida.

Se estiveres a sós e não dispuseres de forças, concede-te outra oportunidade, que enobrecerás pelo amor e pela dedicação.

Se te encontrares ao lado de um cônjuge difícil ama-o, assim mesmo, sem deserção, fazendo dele a alma amiga com quem estás incurso pelo pretérito, para a construção de um porvir ditoso que a ambos dará a paz, facultando, desse modo, a outros Espíritos que se revincularão pela carne, a ocasião excelente para a redenção.

Joanna de Ângelis

CAMINHOS...

'A minha fé mais profunda é que podemos mudar o mundo pela verdade e pelo amor.'

Mahatma Gandhi



A Dor do Abandono

Era uma manhã de sol quente e céu azul quando o humilde caixão contendo um corpo sem vida foi baixado à sepultura.

De quem se trata? Quase ninguém sabe.

Muita gente acompanhando o féretro? Não. Apenas umas poucas pessoas.

Ninguém chora. Ninguém sentirá a falta dela. Ninguém para dizer adeus ou até breve.

Logo depois que o corpo desocupou o quarto singelo do asilo, onde aquela mulher havia passado boa parte da sua vida, a moça responsável pela limpeza encontrou em uma gaveta ao lado da cama, algumas anotações.

Eram anotações sobre a dor...

Sobre a dor que alguém sentiu por ter sido abandonada pela família num lar para idosos...

Talvez o sofrimento fosse muito maior, mas as palavras só permitem extravasar uma parte desse sentimento, grafado em algumas frases:

Onde andarão meus filhos?

Aquelas crianças ridentes que embalei em meu colo, alimentei com meu leite, cuidei com tanto desvelo, onde estarão?

Estarão tão ocupadas, talvez, que não possam me visitar, ao menos para dizer olá, mamãe?

Ah! Se eles soubessem como é triste sentir a dor do abandono... A mais deprimente solidão...

Se ao menos eu pudesse andar... Mas dependo das mãos generosas dessas moças que me levam todos os dias para tomar sol no jardim... Jardim que já conheço como a palma da minha mão.

Os anos passam e meus filhos não entram por aquela porta, de braços abertos, para me envolver com carinho...

Os dias passam... e com eles a esperança se vai...

No começo, a esperança me alimentava, ou eu a alimentava, não sei...

Mas, agora... como esquecer que fui esquecida?

Como engolir esse nó que teima em ficar em minha garganta, dia após dia?

Todas as lágrimas que chorei não foram suficientes para desfaze-lo.

Sinto que o crepúsculo desta existência se aproxima...

Queria saber dos meus filhos... dos meus netos...

Será que ao menos se lembram de mim?

A esperança, agora, parece estar atrelada aos minutos... que a arrastam sem misericórdia... para longe de mim.

Às vezes, em meus sonhos, vejo um lindo jardim...

É um jardim diferente, que transcende os muros deste albergue e se abre em caminhos floridos que levam a outra realidade, onde braços afetuosos me esperam com amor e alegria...

Mas, quando eu acordo, é a minha realidade que eu vejo... que eu vivo... que eu sinto...

Um dia alguém me disse que a vida não se acaba num túmulo escuro e silencioso. E esse alguém voltou para provar isso, mesmo depois de ter sido crucificado e sepultado...

E essa é a única esperança que me resta...

Sinto que a minha hora está chegando...

Depois que eu partir, gostaria que alguém encontrasse essas minhas anotações e as divulgasse.

E que elas pudessem tocar os corações dos filhos que internam seus pais em asilos, e jamais os visitam...

Que eles possam saber um pouco sobre a dor de alguém que sente o que é ser abandonado...

.........................................

A data assinalada ao final da última anotação, foi a data em que aquela mãe, esquecida e só, partiu para outra realidade.

Talvez tenha seguido para aquele jardim dos seus sonhos, onde jovens afetuosos e gentis a conduzem pelos caminhos floridos, como filhos dedicados, diferentes daqueles que um dia ela embalou nos braços, enquanto estava na terra.





Sobre anjos

A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral.

É, freqüentemente, aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se o bom e o mau anjo, o anjo da luz e o anjo das trevas.

Na Bíblia encontra-se muito este termo. Às vezes, com o sentido de criaturas humanas exercendo a função de mensageiros, embaixadores, profetas.

O uso mais freqüente se aplica a criaturas já existentes antes da criação do mundo, mas igualmente criadas por Deus.

Distinguem-se do homem pela superioridade da inteligência, sabedoria e poder.

Alguns críticos julgam ser influência dos povos vizinhos a Israel, sobretudo a Pérsia, a idéia de anjos substituindo os deuses.

É assim que eles aparecem, em descrições bíblicas, falando aos homens na forma e linguagem humana. E são mostrados com graus hierárquicos entre si.

Observa-se que, no Novo Testamento, as referências aos anjos são menos freqüentes do que no Antigo Testamento.

A existência de seres humanos exercendo as funções de mensageiros da Divindade aos homens é admitida como realidade entre religiões não bíblicas, também.

É assim que vemos descrições de anjos no maometismo, nas mitologias gregas e orientais e em algumas formas do budismo.

O Corão é extraordinariamente rico em referências aos anjos.

A Doutrina Espírita ensina que os anjos são seres criados como todos os Espíritos.

Por já terem percorrido todos os graus e reunirem em si todas as perfeições, se tornaram Espíritos puros.

Como existem Espíritos dessa categoria, muito anteriores ao homem, este acreditou que eles haviam sido criados assim, perfeitos.

Entre os anjos, existem aqueles que se dedicam a proteger: são os anjos da guarda.

São sempre superiores ao homem. Estão ali para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a montanha escarpada do progresso.

São amigos mais firmes e mais devotados do que as mais íntimas ligações que se possam contrair na Terra.

Esses seres ali estão por ordem de Deus, que os colocou ao lado dos homens. Ali estão por Seu amor.

Cumprem junto aos homens uma bela mas, ao mesmo tempo, penosa missão.

Seja nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, eles se encontram ao lado dos seus protegidos.

É deles que a nossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.

Eles nos auxiliam nos momentos de crise.

Para os que pensam ser impossível os Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa, e de todos os instantes, é bom lembrar que eles nos influenciam a milhões de léguas de distância.

Para eles, o espaço não existe. Podem estar vivendo em outros mundos e conservar a ligação com os seus protegidos.

Gozam de faculdades que não podemos compreender.

Cada anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele, como um pai vela pelo filho.

Sente-se feliz quando o vê no bom caminho, chora quando os seus conselhos são desprezados.

O anjo da guarda é ligado ao indivíduo desde o nascimento até a morte. Freqüentemente o segue depois da morte e mesmo através de numerosas existências corpóreas.

Para o Espírito imortal, essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida.

* * *

Foi Gregório Magno o primeiro a introduzir a concepção da angelologia na teologia cristã no Ocidente.

Surgiram assim, além dos anjos e arcanjos, duas outras classes: a dos querubins e serafins, jamais mencionadas em toda a Bíblia como seres angelicais.

No Novo Testamento, os anjos são apresentados como sujeitos a Cristo, o Espírito perfeito.

Redação do Momento Espírita com base nos itens 128 a 130 e 489 a 495 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb e no verbete Anjo, da Enciclopédia Mirador, v. 2, ed.Enclyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Em 14.07.2008.