São inúmeras as razões para sonharmos. Uma delas é que os sonhos relacionam-se intimamente com a criança que habita em todos nós: ingênua, confiante, alegre, espontânea.
O mundo precisa de idealistas, que lutem pela concretização de grandes ideias, de grandes feitos. Muitas vezes, sonhar é preciso, pois é dos sonhos de ontem que surgiram grandes realidades de hoje. Nesse contexto, venho relatar a opinião superficial de um aprendiz maçom que há pouco mais de cem dias obteve o privilégio de fazer parte da ordem maçônica.
Neste último século, o homem realizou fantásticas descobertas científicas que trouxeram avanços para a sociedade moderna. Francis Crick e James Watson desvendaram a estrutura do DNA abrindo as portas para o microcosmo, o homem pisou na lua ampliando nossa visão do horizonte do macrocosmo e realizou o inimaginável, dividindo o átomo e obtendo a fissão atômica com a consequente produção da temível bomba nuclear.
Entretanto, para nossa perplexidade e diante de tantos avanços, o homem ainda não conseguiu o que a princípio seria o mais fácil: dividir a si mesmo, por meio da prática da solidariedade, da tolerância e fraternidade humana, abolindo o orgulho, a vaidade e a ganância, semente da discórdia em muitas instituições.
Quando ingressamos na Ordem, não percebemos prontamente a existência das três obediências que agregam a quase totalidade dos maçons no Brasil. As grandes cisões de 1927 e 1972 no Grande Oriente do Brasil gerando as Grandes Lojas Estaduais e os grandes Orientes Independentes retratam a supremacia do material sobre o espiritual, contrariando a doutrina maçônica.
Simbolicamente essas cisões representam três homens caminhando em direção ao Sul, ao Norte e ao Ocidente, distanciando do Oriente e do caminho da luz, visto que predominaram a intolerância, a falta de diálogo, o respeito mútuo e, principalmente, respeito à Ordem.
Consequentemente, a Maçonaria enfraqueceu, perdendo parte de sua representatividade e força no meio político e na sociedade de um modo geral.
Quando analisamos hoje a situação das três potências predominantes, verificamos que não há interesse na alta cúpula de um projeto consistente que vise, no futuro, à unificação.
Basta considerarmos algumas questões:
1.inexistem em médio prazo metas e objetivos em comum visando aproximar administrativamente as obediências;
2.não há a existência de comissões de estudo que procurem reduzir as sutis diferenças existentes entre os mesmos ritos de potências diferentes; pelo contrário, o que vemos é que cada potência procura adotar algumas singularidades nos seus ritos como forma de conferir uma provável autencidade e exclusividade do rito praticado nas Lojas jurisdicionadas;
3.houve um desordenado desenvolvimento de Lojas no país, levando a um proselitismo que consequentemente desiludiu vários obreiros que não permanecem nos quadros das oficinas;
4.a construção de grandes palácios representativos das obediências nas sedes também refletem a falta do sentimento unificador;
5.por fim, salvo belíssimas exceções em alguns estados, ainda verificamos projetos de causas diversas adotados separadamente pelas potências, ao invés de ocorrer a entrega mútua de todos os Irmãos, indiferente da obediência a que pertencem, levando e elevando primeiramente a Ordem Maçônica.
Sei que a reunificação da Maçonaria é um sonho muito distante, sufocado pelos tratados de mútuo reconhecimento, pelos motivos acima expostos e pela vaidade aos cargos e status de parte das autoridades maçônicas. Entretanto, todos os maçons não podem esquecer do livro do Eclesiastes que diz: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (ECLO 1,2).
A esperança é que entre as Lojas há um sentimento de fraternidade que precisa ser preservado, respeitado e estimulado entre os maçons, e que pode ser o embrião de algo maior e sonhado por muitos maçons.
Devemos lembrar das palavras de Cristo quando questionado pelos fariseus a respeito do nome de quem fazia milagres, alegando ser em nome de satanás: “se um reino estiver dividido contra si mesmo não pode durar. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir” (Mc 3, 20-27; Lc 11, 14-23).
AutorEnviado pelo Ir.’. Ricardo Alessandro Martins Brito
Aprendiz Maçom • ARLS Acácia do Arguaia nº 06
Grande Oriente do Estado de Mato Grosso • COMAB
BibliografiaChiaro Filho, Amílcar Del – texto Sonhar é Preciso.
Trautwein, Breno – Dogmas e Preconceitos Maçônicos. Ed. Maçônica A Trolha; 1ª ed. 1997; Londrina – PR 186 p. Mingardi, Cezar Alberto; Sois Maçom? Textos sobre Maçonaria. Ed. Madras; 1ª ed. 2008; São Paulo SP 103 p. Bíblia Sagrada, Ed. Ave Maria, 2ª edição, 1994. São Paulo – SP.
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